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capítulo 1 - Revelações de família

Três vezes por mês todas as sextas, durante dez dos quinze anos de minha vida, meu pai me buscava de carro em casa e saia comigo para fingirmos ter uma relação amigável entre pai e filha.

Fingirmos. Porque a realidade não era bem essa: era sempre a mesma coisa. Meu pai me buscava depois do café da manhã; levava-me para dar uma volta em seu carro; reclamava de tudo relacionado a mim; levava-me para almoçar no restaurante de sempre, (eu desconfiava que meu pai já tivesse até virado sócio daquele lugar e não me surpreenderia se tivesse uma placa nossa na parede do restaurante escrito “melhor cliente do ano” com a nossa foto em baixo escrito “invictos desde sempre”) depois fingia mais um pouco que se importava comigo e me levava para casa. O que para mim era a melhor parte dessas sextas-feiras de tortura - por que ele simplesmente não fingia que eu não existo como muitos pais fazem e só mandava o dinheiro da pensão?

Essa sexta começou normal. Como todas as outras ele me pegou em casa e estávamos andando de carro, esperando dar à hora do almoço, quando ele interrompeu o silêncio no carro.

-Helena. -ouvi meu nome sair inseguro de sua voz grave. Olhei pra ele, esperando que ele começasse a falar um de seus monólogos. -preciso falar uma coisa pra você.

Apesar de eu não gostar de muitas atitudes que o meu pai tomava, ele ainda era o meu pai, e eu o tratava com respeito.

-E o que seria?-eu comecei a estranhar aquilo, geralmente ele não começava os monólogos assim.

- eu vou falar isso de uma vez, você sabe que não sou homem de rodeios. -sua voz não estava mais insegura. Agora havia resignação e um pouco de hostilidade. - você tem um meio irmão que você não conhece. O Ricardo.

-o que?-falei com uma voz de divertimento.

-isso mesmo que você ouviu. -reafirmou. Sério.

Parei de levar aquele papo na brincadeira. ”será que ele realmente tinha ficado doido.”

-você só pode estar brincando.

-falo totalmente a sério. -falou enquanto prestava atenção na estrada, e percebi vagamente que ele parava em um acostamento.

Eu fiquei paralisada, literalmente sem fala por alguns segundos. Simplesmente eu não encontrava nenhum pingo de mentira em sua voz e seu rosto. E comecei a considerar a levar a sério o que ele estava me dizendo.

-eu não acredito em você!Eu não acredito que você fez isso comigo!Isso é típico de você - comecei a atropelar uma palavra em outra enquanto o acusava sem querer ouvir mais aquilo. Juro que se eu tivesse força o suficiente eu arrancaria a porta do carro e sairia dali. Mais como eu não tinha essa força, abri a porta violentamente e sai tropeçando para fora do carro.

Ouvi que Marcus veio logo atrás de mim enquanto eu corria para longe dali, para o campo arborizado em frente ao acostamento, mas ele me alcançou e segurou os meus ombros. Parando-me.

-eu só estou contando isso para você porque ele veio até mim convicto de que estava na hora de você saber e que se eu não contasse, ele contaria. Se fosse por mim, você nunca saberia.

-o que?-não sabia reconhecer a emoção que estava em minha voz. Parecia raiva misturada com incredulidade e sarcasmo. -você está me dizendo que não iria contar para mim que eu tinha um irmão?E que você só me contou agora por que ele te pressionou?

-sim. Eu levaria isso para o túmulo comigo. -ele disse devagar e com a voz encharcada de raiva.

Eu não sei de onde essa raiva toda estava vindo. Eu nunca tinha sentido isso - também, eu nunca precisei, eu sempre havia evitado aquele tipo de aborrecimento. -era o tipo de raiva que você tinha que ter muitos anos de ressentimento com alguém para sentir, mas eu já havia superado isso com meu pai, pelo menos eu achara. Parecia que ela só estava guardada até agora e pronta para ser extravasada em alguém e o Marcus parecia o alvo perfeito.

Eu o encarei com ódio

-você é um mostro. -disse sem nenhuma compaixão. Então me virei e me afastei dele.

Quando estava chegando mais perto do campo arborizado sentia as lágrimas de ódio começaram a se formar e cair no meu rosto, cedendo a raiva.

Comecei a ouvir alguém me chamando de algum lugar do acostamento e pela voz e tom percebi que não era o Marcus, mas eu não fiquei nem um pouco curiosa, devia ser algum conhecido que havia visto a ceninha de agora a pouco e tentava se fazer de solidário. Eu não precisava daquilo, já bastava todo o fingimento do meu pai. Correção: Se é que ele é meu pai de verdade.

A pessoa que me chamava era insistente e isso estava começando a me irritar então eu aprecei o passo tentando me afastar dela. Mas ela me alcançou e me segurou pelo pulso, me fazendo parar.

Eu olhei para trás irritada e pronta para dar um fora em quem quer que esteja me chamando; eu não iria ouvir ninguém no meu ouvido falando que é assim, mesmo e defendendo aquele crápula mentiroso que diziam ser meu pai, pai coisa nenhuma ele era. Quem me chamara era um rapaz jovem com uns vinte e um anos de idade, alto, um pouco musculoso, olhos azuis, cabelos pretos que reluziam no sol, pele clara...



espero que gostem e mandem comentários ...

2 comentários:

Lu 25 de novembro de 2010 às 09:00  

Nossa, bem legal, quero logo a continuação.
Adorei o rapaz descrito no final, huahauhua.
Parece ser super gato, mas será que é o irmão dela? =/

Anônimo,  26 de novembro de 2010 às 17:14  

Adorei e sei como essa historiia termina,mas deiixa queto ... :p

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